quinta-feira, janeiro 26, 2012

PORTO E CONTORNOS DESTRUIRÃO A CIDADE


Nos dias 30 e  31de janeiro de 2012, o CONSEMA - Conselho Estadual do Meio Ambiente realizará audiências públicas sobre o Estudo de Impacto Ambiental e o Relatório de Impacto Ambiental - EIA/RIMA do empreendimento “Contornos: Sul de Caraguatatuba e de São Sebastião”, de responsabilidade do DER - Departamento de Estrada de Rodagens e da DERSA - Desenvolvimento Rodoviário S/A. Em São Sebastião, o evento acontecerá no dia 31, às 17h00, no Teatro Municipal.
A obra proposta faz parte do conjunto de investimentos que o Governo do Estado de São Paulo tem em vista realizar, objetivando o desenvolvimento das atividades portuárias em São Sebastião, na área do Porto Público, sob responsabilidade da Cia. Docas de São Sebastião.
Serão realizadas obras de expansão e reorganização dos serviços prestados: navegação de cabotagem, importação e exportação de mercadorias, travessia São Sebastião-Ilhabela, embarque e desembarque de cruzeiros marítimos e apoio ao desenvolvimento da infraestrutura necessária à exploração do Pré-Sal.
O IBAMA realizou audiências sobre as obras do complexo portuário, em dezembro de 2011, nos municípios de Ilhabela e São Sebastião. A Cia Docas de São Sebastião apresentou detalhes do projeto que está sendo submetido ao órgão para obtenção de licenciamento (licença prévia).
Agora será apresentado o projeto de construção dos contornos, obra viária que pretende retirar do meio urbano, Rodovia SP 55, os caminhões que hoje circulam pelo sistema viário de Caraguatatuba e de São Sebastião e, principalmente, atender ao incremento desse tráfego, que certamente ocorrerá com a expansão portuária.
A ilustração desta postagem mostra o projeto do traçado da rodovia de contorno. A linha Lilás refere-se aos limites do Parque Estadual da Serra do Mar. A linha Vermelha, à faixa de domínio do contorno. O traçado Verde-Limão, aos túneis projetados no empreendimento. No trecho de São Sebastião existem quatro acessos que ligam a rodovia do contorno à cidade, localizados nos bairros do Jaraguá, São Francisco, Topovaradouro e Guaecá.
Nos pontos mencionados, o documento do EIA RIMA, Síntese de Impactos Ambientais, assinala a futura ocorrência de ‘alterações na circulação e mobilidade’; e fica nisso, sem dimensionar o tamanho desse impacto. Outros impactos assinalados: afugentamento de fauna, desapropriações e reassentamentos (576 imóveis), supressão de vegetação, alteração na qualidade da água etc. 
Embora as autoridades da Cia. Docas de São Sebastião tenham afirmado que haverá redução no tráfego urbano, os acessos demonstram o contrário dessa afirmação. Estamos falando da circulação diária de 3.500 a 10.000 caminhões, informação essa que a Cia. Docas omitiu durante sua audiência.
Voltando a ‘alterações na circulação e mobilidade’, faltam mais explicações, porque não se tem idéia de quanto do tráfego destinado ao porto irá transbordar para o meio urbano. Tudo dependerá dos pontos de localização das áreas retroportuárias e da própria escolha que farão os transportadores, considerando que não haverá restrições à livre circulação de caminhões.
A Prefeitura de São Sebastião incluiu duas demandas sobre modificações no traçado: 1) o acesso ao bairro São Francisco; 2) a preservação de área desapropriada destinada à implantação de Usina de Tratamento de Resíduos Sólidos, no bairro Jaraguá.
Estou convencido de que o porte da operação portuária prevista no plano de expansão, que atinge a movimentação de 27 milhões de toneladas ano, a atracação anual de 1.500 navios de carga e a circulação diária de milhares de caminhões, irá destruir e não ‘somente’ prejudicar a cidade. Os números e detalhes desse conjunto de obras não deixam dúvidas, basta examiná-los com atenção e responsabilidade

Nenhum comentário: